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União Brasileira de Trovadores
Seção São Paulo - SP
"A Trova, acima de tudo, faz amigos!" (Izo Goldman)
Rodolpho Abbud por Selma Patti Spinelli
Nascido em Nova Friburgo, RJ em 21 de outubro de 1926, filho de Rallim Abbud e Ana Jamkowsky, é uma lenda na história da Trova literária no Brasil. A ponto de seu nome ter se tornado sinônimo de "Jogos Florais de Nova Friburgo". Foi agraciado em 1999 com o titulo de Magnifico Trovador "Honoris Causa" (site: falandodetrova).
Dono de uma voz inconfundível e uma pronúncia perfeita, foi radialista, entusiasmado narrador do futebol da Friburguense. Nome da primeira hora entre os Trovadores pioneiros, batalhou pela Trova e Jogos Florais por mais de 50 anos, coordenando uma equipe harmoniosa e competente, a espelho de seu ilustre Mestre. Homem de espirito amplo e generoso, juntamente com sua esposa, a Trovadora Cyrléa Neves e sua sobrinha Clenir Neves, a todos recebia com palavras gentis e recepção amorosa, fato extensivo a toda sua equipe.
Esteve presente em quase todas as solenidades de entrega de premios dos Concuros de Trova e Jogos Florais pelo Brasil e Exterior, fazendo questão de pronunciar nas reunião discursos bem-humorados; sua presença absoluta e simpática era prestigiada por todos. Brincava com a morte e quando se anunciava o falecimento de Trovadores, ele amenizava a tristeza do momento comentando: - "Eu sou gentiu e sempre passo a minha vez para outro Trovador!" Em reunião da UBT São Paulo - SP certa vez, ao brincar novamente com a morte ouviu da Presidente Selma que a partir daquele momento ele recebia o titulo de Imortal!
E assim queremos lembra-lo. Ao 87 anos, nos deixou triste partindo em 25 de Novembro de 2013, suas Trovas a maioria falando de amor ficam para sempre entre nós.
Em 87 anos de vida perdemos a conta de quantas Trovas Abbud nos deixou. Aqui escolhemos algumas que falam de amor, pois, na nossa opinião foi o Trovador mais perfeito nesse tema.
Quando o amor nos ilumina,
mesmo nos dias tristonhos,
a gente afasta a curtina
e abre a janela dos sonhos!...
Foram tais os meus pesares,
quando, em silêncio, partiste,
que, afinal, se tu voltares,
talvez me tornes mais triste!...
Nossos corpos, reunidos,
hauriam luz e calor
na harmonia dos sentidos,
dos que se dão por amor!...
Entre esperas e procuras,
encontros e despedidas,
somadas nossas loucuras
dão mais vida a nossas vidas!...
Minha mágoa e desencanto
foi ver, no adeus, indeciso,
eu, disfarçando meu pranto,
tu, disfarçando um sorriso!...
Nosso encontro, o beijo a medo,
a carícia fugidia...
nosso amor era segredo
mas todo mundo sabia!...
Manténs o mesmo calor,
com tal graça e timidez
que, em cada noite de amor,
eu sinto a primeira vez!...
Para você fui mais um,
mas ouça amor, meu lamento:
Não queira, em momento algum,
ser a mulher de um momento!...
Porque nós somos iguais
é que sempre sem motivo,
nosso adeus de nunca mais,
nunca foi definitivo!...
Foste embora e, amargamente,
até hoje ainda não sei
por que não me sai da mente
o beijo que eu não te dei?
Ela é meu vício, é aquela
que à vida deu-me um motivo...
- não sei se eu morro por ela
ou se é por ela que eu vivo!...
Meu amor, vem, por quem és
pois que tens, em sonhos vãos,
minhas noites a teus pés,
meus dias em tuas mãos!...
Dá-me um tempo, ela me disse,
ante o apelo que lhe fiz...
agora chega à velhice,
sem tempo de ser feliz!...
Sem teu amor, sega a esmo,
como um seixo pequenino:
Não sou dono de mim mesmo,
nem senhor do meu destino!...
Não sei como... não soubeste...
mas o amor veio, infeliz...
Eu te quis... tu me quiseste,
mas o destino não quis!...