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Durval Mendonça por Izo Goldman (Fev/2012)

 

Nasceu em 28/11/1906. Filho de Anibal Campos de Mendonça. Foi contador e funcionário público de alto escalão no Ministério da Fazenda por onde se aposentou. Primo da Trovadora Nydia Iaggi Martins, era um bom poeta e exelente soletista quando começou a sofrer de cegueira degenerativa, ficando totalmente cego. Buscou tratamento no Brasil e nos EUA, e confessou aos amigos ter um dia pensado em suicídio.

Colbert Rangel Coelho o levou à uma reunião da UBT Seção Rio de Janeiro, onde conheceu o movimento trovadoresco e se apaixonou pela Trova.

Foi um trovador muito premiado e incursionou também pelo humorismo sendo autor de Trovas Clássicas. Tornou-se "Mágnifico Trovador" em Nova Friburgo, onde conseguiu em primeiro lugar com uma Trova considerada das mais bonitas Trovas brasileiras e que, segundo comentários foi feita com endereço certo, isto é, para uma determinada Trovadora dizendo:

 

Ao beijar a tua mão

que o destino não me deu,

tenho a estranha sensação

de estar roubando o que é meu...

 

Como autor de Trovas Humorísticas temos esta Clássica:

 

Quando a mulher do vizinho

cruza comigo na rua,

diz o diabo baixinho:

-"Esta é melhor do que a tua..."

 

Sua Trovas contem lindos achados e imagens:

 

Nenhum barco... o mar parado.

Noite... silêncio... abandono...

E o velho farol, cansado,

parece piscar de sono...

 

Vejo os espaços profundos

contraditando os ateus.

Há, no mistério dos mundos,

toda a evidência de um deus...

 

Minhas Trovas são lampejos

em minha alma entritecida;

risonhos ou tristes beijos

que dou na face da vida.

 

A vida é roda de fogo,

gira em franco desatino...

Cartas sem nipe de um jogo

em que o parceiro é o destino

 

Em nossa casa singela

do meu tempo de criança,

minha mãe vinha à janela

esperar pela esperança.

 

Em desfora merecida,

porque me dá muitas sovas,

atiro pedras na vida

e minhas pedras são Trovas

 

Minha mãe sempre dizia,

num sorriso todo seu,

que dois deuses posssuia,

e dos dois, um era eu!

 

Quanto parvo não se cansa

de inventar as próprias glórias

e procura um Sancho Pança

para aplaudir-lhe as vitórias.

 

Se o mar, em fúria bravia,

se arremessa contra a praia,

o vento corre e assovia,

cobrindo o bruto de vaia.

 

Em quase todas as Trovas existe um "achado", mas nenhum é tão perfeito quanto o desta Trova Vencedora de um Concurso em Minas Gerais, sobre o tema "Liberdade":

 

São benditos os varões

que aos quatros ventos proclamem:

Quebramos nossos grilhões,

"Libertas Quae Sera TAmem!"

 

O Trovador Aluisio de Moura proprietário da Rádio Nova Friburgo, fez uma brincadeira pelo fato de que Durval Mendonça volta e meia orientava Nydia Iaggi Martins sobre Trovas:

 

Afirma o Amigo da Onça,

que além de primos e afins,

são sócios Durval Mendonça

e Nydia Iaggi Martins!

 

De fato Durval ajudou muitos novos Trovadores, ensinando-lhes o que sabia e corrigindo suas Trovas. Por sua amizade com o Trovador Izo Goldman tinha grande apreço pela UBT Seção São Paulo comparecendo a diversas entregas de premios dessa Seção.

Tem três livros de Trovas publicados: "Trovas Que Dou À Vida", com dois prefácios muito importantes: um de Manoel Bandeira e outro de J.G. de Araujo Jorge. Este último destaca como ótimas trinta e cinco das duzentas Trovas desse livro. Escreveu ainda "Apenas Trovas", e "Cantando Trovas". Foi sem sombra de dúvida, um dos maiores Trovadores do Brasil.

​© 2015 por Selma Patti Spinelli.

UBT Seção São Paulo - SP

 

 

Expediente do Informativo: Selma Patti Spinelli,

 

Edição do Site: Selma Patti Spinelli, Tel (11) 5561-2730

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