Hegel Pontes por Rev. Country Magazine

 

Hegel Pontes nasceu em Monte Santo de Minas, MG no dia 5 de dezembro de 1932 filho do advogado José do Patrocínio Pontes e de dona Carmem Navarro Pontes. Estudou nas faculdades de Direito de Belo Horizonte e Juiz de Fora, onde se formou tendo sido o orador da turma. Posteriormente, passou a exercer advocacia notadamente empresarial, tendo se aposentado na década passada. Hegel Pontes foi membro fundador de varias entidades culturais, como o Núcleo Mineiro de Escritores (NUME) e a Academia Juizforana de Letras, além de ser membro da União Brasileira de Trovadores. Em 1977 foi agraciado com titulo Personalidade do Ano na área da cultura e em 1991 recebeu a comenda Henrique Halfeld concedida pelo município de Juiz de Fora como reconhecimento a pessoas de destaque nos meios culturais e por importantes serviços prestados a cidade. Recebeu também a medalha Nelson Silva comenda criada pela Câmera Municipal de Juiz de Fora em parceria com a Organização Batuque Afro Brasileiro entregue a difusores de manifestações culturais da raça negra. Nelson Silva fundador do movimento afro foi parceiro de Hegel em inúmeras composições entre as quais “Negrinho do Pastoreio” e “Aceno de Luz”. Compôs inúmeras letras de musicas e hinos para a cidade de Juiz de Fora. O poeta venceu diversos concursos de poesias, Trovas e sonetos. A inteligência e o humor também constam de seus escritos chegando a fazer parte da jocosa UTB-União dos Trovadores de Bar que congregava poetas dedicados ao amor e ao copo. Existem na cidade diversos bares grafitados com as Trovas do grupo. O movimento tinha até sua revista própria “O Lince” que em 1975 chegou a ter até estatuto. Grandes nomes da Trova fizeram parte: Alves Costa, Cobert Rangel Coelho, José Carlos Guimarães e Roberto Medeiros.

 

Hegel Pontes, um mestre da Trova e da poesia apesar de sua extensa produção não deixou nenhum livro publicado, faleceu em 15 de novembro de 2012. Encontramos suas Trovas nos diversos folhetos de Concurso em que participou com brilhantismo.

 

Felicidade, és somente                                 Depois da falsa meiguice

meu horizonte fugaz;                                    e dos falsos beijos seus,

quando dou um passo à frente                     "Adeus", sem graça ela disse,

dás um passo para trás...                              e eu disse: - Graças a Deus!

 

No beco dos infelizes,                                   A voz dos ventos distantes,

se houver saída, me aponte:                         dentro das conchas do mar,

- quem vive sob as marquises                      são preces de navegantes

não vê céu nem horízonte...                         que não puderam voltar.

 

Quando a vejo sobre o monte,                      A lágrima comovida

qual pipa vagando ao léu,                             que vem de dentro de nós,

pego a linha do horizonte                             é uma palavra sofrida

e empino a lua no céu!                                  que chega aos olhos sem voz.

 

O sino é um ser sem razão,                           Com que ironia o destino

que não tem razão de ser,                            pode este quatro pintar:

quando pára um coração.                             de um lado um lar sem menino;

ele começa a bater...                                     de outro, um menino sem lar.

 

Jogou, perdeu, e hoje sabe,                          A quiromante não lia,

vivendo um natal sombrio,                           ao fazer a predição,

que a conciência não cabe                           que o destino me daria

num sapatinho vazio.                                    justamente a sua mão.

 

A honra é a imagem casta                            O cego, na estrada escura,

dentro do espelho do Bem:                           vai tateando... e sua mão

- Se a gente dele se afasta                            parece que faz ternura

ela se afasta também...                                 na face da escuridão!