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União Brasileira de Trovadores
Seção São Paulo - SP
"A Trova, acima de tudo, faz amigos!" (Izo Goldman)
Carlos Guimarães por JB Xavier
O sucessor de Luiz Otávio
Carlos Guimarães esteve à frente da União Brasileira de Trovadores mais tempo que o próprio fundador da Instituição, Luiz Otávio.
Por longos vinte anos ele conduziu os destinos da UBT, chegando com ela à era do computador e da internet. Quem era este homem ao qual Luiz Otávio delegou a responsabilidade de não deixar morrer seu sonho?
Carlos da Silva Guimarães Junior nasceu no Rio de Janeiro em 22 de outubro de 1915, filho de Ermelinda Conceição Guimarães e Carlos Silva Guimarães.
De seu casamento com D. Nilza, nasceram três filhas, cujos nomes foram do casal: Carli, Nilsi e Narli.
Carlos Guimarães era Engenheiro- Arquiteto, formado pela Faculdade Nacional de Arquitetura.
Como engenheiro, trabalhou na Estrada de Ferro Central do Brasil, onde se aposentou. Também lecionou matemática na Escola Industrial Silva Freire, na época pertencente à Central do Brasil.
Com o falecimento de Luiz Otávio, assumiu a Presidência Nacional da UBT, cargo que exerceu até 1996, quando veio a falecer.
Como presidente, assim foi descrito por João Freire Filho: “ Carlos Guimarães foi exemplo no trato das coisas da UBT. Organizado, tranquilo principalmente quando não aceitava as provocações que lhe chegavam via postal. Jamais foi omisso quando não tomava decisões drásticas que lhe exigiam e poderiam vir a prejudicar o Movimento Trovadoresco”.
Nas palavras de Latour Aroeira, então, Presidente do Conselho Nacional da UBT: Perto, intelectualmente e espiritualmente de Luiz Carlos, de Cruz e Souza e de Pereira da Silva (o primeiro e o terceiro, da Academia Brasileira de Letras).
É de Carlos Guimarães o livro “Parnásio Ferroviário”.
Editou em 1978 o livro “Cantigas que Alguém Espera” com 303 trovas e em 1993, o livro de poemas “Rumas Diversos”.
Foi também Magnifico Trovador em Nova Friburgo em lirismo e humorismo.
Quando preparava este texto, perguntei a Carolina Ramos, Quem foi Carlos Guimarães para a UBT, ela assim respondeu:
“Um amigo incondicional, sensível, afetivo, solidário que nas palavras mansas deixava passar a essência das lindas poesias que compunha.
Trabalhou bastante pela UBT, e, a exemplo de Luiz Otávio, mais não fêz porque a saúde precária não o deixou fazer. Nos seus últimos dias, as três filhas, que o tinham por ídolo, ajudaram-no a completar as tarefas que as carências físicas o impediam de levar o termo. Carlos foi um desses amigos que a vida nos roubou, sem conseguir apaga-lo da nossa memória. Bom trovador, bom poeta, bom irmão, bom companheiro nas lides trovadorescas: - este, o Carlos Guimarães cuja lembrança revolve tantas saudades, tornando a sua ausência mais sentida ainda! ”.
Carlos Guimarães desincumbiu-se bem da tarefa que recebeu.
Sob sua batuta deu-se o renascimento da UBT São Paulo, por exemplo, hoje a maior seção da UBT brasileira.
Pode parecer simples – até porque quem sabe faz parecer simples – mas contrabalançar opiniões, gerenciar egos e manter a locomotiva UBT nos trilhos não é uma tarefa assim tão simples.
Não é à toa que a União Brasileira de Trovadores é ainda hoje a única entidade literária de abrangência nacional, com presença em quase duas centenas de cidades brasileiras, e internacional, onde já chegou a quase dez países.
Luiz Otávio pode nunca ter lido Elbert Hubbard, mas certamente compreendeu e passou ao seu sucessor um dos seus maiores conselhos: “há apenas seis requisitos para se por um sonho de pé: A primeira é a Fé, e os outros cinco, Confiança!”
A UBT deve muito a Carlos Guimarães.
Carlos Guimarães em Trovas
Meu lenço, na despedida,
tu não viste em movimento...
Lenço molhado, querida,
não pode agitar-se ao vento!
De despedidas, apenas,
consiste, afinal, a vida:
-Mil despedidas pequenas
e uma Grande Despedida...
Caro doutor, saiba disso:
- Se esse transplante malogra
eu pago em dobro o serviço
pois a velha é minha sogra!...
Tudo acabou... Não mais juntos,
Seguimos rumo, diversos...
E eu te agradeço os assuntos
que deste para os meus versos.
Nessas minhas confidências,
repetidas, sempre iguais,
falam mais as reticências,
que as frases convencionais.
Na carta ao dizer-te quanto
a saudade me consome,
as reticências do pranto
quase apagaram meu nome.
Tentei o amor e os fracassos
se acumularam, meu bem:
- quem teve você nos braços
já não pode amar ninguém.
Quanta vez, ante o embaraço
de uma decisão urgente,
o espaço de um curto passo
muda o destino da gente!
No mundo que a falsidade
moldou sua feição,
ser honrado é qualidade
e não mais obrigação.
Não creio na paz imposta
por fuzil, bomba e canhão:
- Paz é quando há mão exposta
ao aperto de outra mão.
Despreza, meu filho, o vício
e faze do coração,
terreno fértil, propício
às semente do perdão.
Olhei a Lua... As estrelas...
As flores... A ave que passa...
Vede que as coisas mais belas
são dadas por Deus de graça...
Abandona esse teu manto
feito de tola vaidade:
- nas crianças, todo o encanto
provém da simplicidade.